Arquitetura Bem-Humorada

Arquitetura Bem-Humorada

O arquiteto Marcio Kogan, autor de belas residências premiadas e de projetos de luxo como o hotel Fasano em São Paulo, junto com seu colega, o arquiteto Isay Weinfeld, parceiro nesse último e com quem compartilha também projetos hipotéticos, já realizaram algumas exposições nas quais discutem problemas urbanos e sociais através de projetos bem-humorados.

A primeira delas, ainda em 1995, intitulada Arquitetura e Humor, trazia uma visão crítica sobre os problemas urbanos de São Paulo e propunha entre outras idéias, uma Lixovia, para que os motoristas hoje considerados mal educados, pudessem atirar seu lixo pela janela em grandes cestos colocados paralelos a via. Haviam também quatro propostas para reurbanização do rio Tietê, sendo um deles a implantação de Bâteaux-Mouches blindados para turistas e outro, propondo sua pavimentação, como forma de escapar do trabalho de despoluição. Até mesmo um novo Anel Viário foi proposto, construído sobre o Parque de Ibirapuera, área considerada ociosa da cidade.

Posteriormente, na exposição Arquitetura Ornitológica, enfocaram problemas insignificantes da cidade e as relações entre pássaros e arquitetura. Propuseram 15 modelos de casas para passarinhos, traçando paralelos entre as aves e os humanos através da observação de seus hábitos e aparência física. Aparece aí uma crítica aos costumes da sociedade atual.

A Casa do Tucano foi concebida a semelhança do Palácio da Alvorada, num momento em que nosso presidente era FHC. A Casa do João de Barro, conhecido como pássaro- arquiteto, assim como a maioria de seus projetos, é um enorme palacete. Parece que atualmente ele se dedica mais a decoração e seu último projeto já está cotado para abrigar a nova mostra do Casa Cor.

Casa Tucano
Em Umore and Architektur, numa crítica a invasão de arquitetos estrangeiros no país, realizam uma série de projetos para capitais do mundo, incluindo Paris, que ganharia um Arco do Triunfo Viário.

Arco do Triunfo Viário
As Exposições Happyland e Happyland vol.2, abordaram a violência nas cidade. Na primeira, um protótipo de cidade voltada para o prazer, aonde a segurança vem sempre em primeiro lugar. Uma cidade sem história ou ideais, sem comprometimentos a fim de não se tornar alvo de terrorismos, mas ainda assim precavida. As novas Torres Gêmeas, por exemplo, ali são construídas na horizontal, “just in case”. Na segunda, explorou-se a relação entre design e violência. Entre outros objetos propostos, o muro móvel que cresce de acordo com os índices de violência na cidade, ganha destaque.

Muro Móvel
Marcio Kogan também nos convida a discutir o excesso em seu projeto Le Pont Gucci, mais um projeto bem-humorado que vale a pena ser lembrado.

“Extremamente elegante é o mínimo que se pode falar da Pont Gucci. Uma sofisticada estrutura atirantada por belíssimas correntes guccíssimas de ouro 18k e largas tiras de tecido côtelé vert, rouge et vert, cumpre o seu importante papel social conectando glamorosos shoppings localizados nas margens do rio mais “in” de São Paulo. Pó de diamante espalhado pelo asfalto, provocará um deslumbrante brilho. Segurança 24 horas e um justo preço do pedágio, aproximadamente 20 euros, tornarão este lugar exclusivíssimo. No Dia do Índio, 19 de abril, seu uso será gratuito numa forma de “gentileza urbana” aos menos favorecidos, mas prometemos uma higienização rápida e segura para que tenhamos tudo na mais perfeita ordem na manhã seguinte, afinal sabemos muito bem da total falta de educação do povo brasileiro. Numa demonstração de respeito ao meio ambiente o rio será despoluído numa faixa de 20 metros com aplicações diárias de Channel No. 5. Chiquérrimo!!!”

Le Pont Gucci
Nesse universo onírico proposto pelos arquitetos, ou acordamos para discutir nossas cidades, hábitos e cultura, ou só nos restará esperar pelo Dia do Índio, a fim de usufruir de todo esse luxo!

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